O Eterno Problema
da morte e da vida.
" ... nossas vidas são os rios
da morte e da vida.
"Apesar da contradição que os corações de espíritos
estreitos pretendem ver entre a poesia e a matemática, elas são irmãs gêmeas."
(Ilídio Lima, por "Douta Ignorância")
Assim, Jorge Manrique, em sua famosa elegia - ensinando a ação da lei analógica da circulação arterial das águas, que sobem do mar às montanhas pelas nuvens, bem como intruido sobre a circulação venosa ou de retorno deste as montanhas até o mar, graças aos arroios e rios que fecundam e dão vida aos seres orgânicos - disse-nos, maravilhosamente, que
" ... nossas vidas são os rios
que vão ter no grande mar,
que é morrer;
Pr'a la vãos os senhorios
direitos a se acabar,
fenecer".
De igual modo, imitando o analógico aforismo de Jó, quando estabelece que a vida do homem sobre a Terra é como a do feno,
"... de manhã, verde;
seco à tarde",
nosso clássico Rojas perguntou a si mesmo inspirado:
"que é nossa vida mais que breve dia
do apenas surge o sol? Depois se perde
nas trevas densas de uma noite fria" ...
Supera todas, no entanto, em singela e sobriedade filosófica, o próprio cantar do povo:
"Em cada manhã, nascer;
ao meio-dia, viver;
pela tarde, envelhecer;
chegada a noite, morrer",
morrer, porém para renascer certamente em um ovo dia, em nova lunação, em novo ano ou em uma vida nova. Quem, com efeito, se arroga o direito de pensar que as séries da natureza possam interromper-se?