“Enquanto há fome e desolação no mundo, sua “Santidade”
distribui bênçãos e títulos nobiliárquicos, compensados com os mais pingues
tributos de ouro. As canonizações custam verdadeiras fortunas aos países
católicos. Para que muitos conseguissem um altar, como fez a França, por
exemplo; para sua heroína de Domrémy, muitos milhares de francos foram
arrancados à economia popular na época. A América do Sul ainda não conseguiu
alguns santos do Vaticano, em virtude de sua carência de recursos financeiros à
consecução de tal projeto. Enquanto o Vaticano se entende com o Quirinal sobre
as mais pesadas somas de ouro, destinadas às atividades guerreiras, os padres
se reúnem e falam em paz; enquanto o papa se debruça nos seus ricos
apartamentos, passeando pelas suas galerias de arte de todos os séculos e pelas
suas vastas bibliotecas, exibindo a imagem do Crucificado nas suas sandálias,
ou entregando-se ao repouso no castel Gandolfo, há criaturas morrendo à mingua
de trabalho, entregues a toda sorte de miséria e de vicissitudes.”.
Há necessidade de iniciar-se o esforço de regeneração em
cada indivíduo, dentro do Evangelho, com a tarefa nem sempre amena da autoeducação.
Evangelizando o indivíduo, evangeliza-se a família;
regenerada esta, a sociedade estará a caminho de sua purificação,
reabilitando-se simultaneamente a vida do mundo.
No capítulo da
preparação da infância, não preconizamos¹ a educação defeituosa de determinadas
noções doutrinárias, mas facciosas, facilitando-se na alma infantil a eclosão
de sectarismos prejudiciais e incentivando o espírito de superatividade, e não
concordamos¹ com a educação ministrada absolutamente nos moldes desse
materialismo demolidor, que não vê no homem senão um complexo celular, onde as
glândulas, com as suas secreções, criam uma personalidade fictícia e
transitória.
Que longa tem sido a trajetória das almas!... A origem do princípio anímico perde-se dentro
de uma noite de labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do Universo, se
encadeia numa ordem equânime e absoluta.
Da irritabilidade
à sensação, da sensação à percepção, da percepção ao raciocínio, quantas
distâncias preenchidas de lutas, dores e sofrimentos!... Todavia, desses
combates necessários promana o cabedal de experiências do Espírito em sua
evolução gloriosa. A racionalidade do homem é a suprema expressão do progresso
anímico que a Terra lhe pode prodigalizar; ela simboliza uma auréola de poder e
de liberdade que aumenta naturalmente os seus deveres e responsabilidades. A
conquista do livre-arbítrio compreende as mais nobres das obrigações.
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