Em comemoração aos 156 anos da revelação do Terceiro Código, o terceiro
Segredo, o esplendor da Triade em
sua mais bela concepção. Código este, que se abre definitivamente para nova Era. Com este se cumpria a promessa evangélica do
Consolador, do Paracleto ou Espírito de Verdade.
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Aos amantes das ciências fundamentais, abstratas, especializadas,
combinadas e aplicadas, da Filosofia, em todas as suas vertentes dos séculos
passados e seus admiráveis divulgadores, caríssimos Irmãos, dignos obreiros na
senda da evolução e seus maravilhosos trabalhos na lei de progresso, esta
imutável; preexiste, existe e continua, em Presente Indicativo Constante.
Caem as mais altas cátedras, das mais renomadas escolas e seus pseudos
mestres, cai o Clero! Chora compulsivamente a Igreja Católica. Agonizam,
desesperadamente, seitas e heresias.
O progresso não conhece obstáculos, os artigos de fé equivaleram a estagnações isoladas. Se conseguiram satisfazer
à Humanidade em um período mais ou menos remoto da sua evolução, caducaram
desde que o laboratório obscureceu a sacristia.
A Ciência desvendou ao espírito humano as perspectivas inconcebíveis do
Infinito, com apenas um telescópio descobriu a grandeza do Universo, e os novos
conhecimentos cosmogônicos demandaram outra concepção do Criador. Desvendando,
paulatinamente, as sublimes grandiosidades da natureza invisível, a Ciência
embriagou-se com a beleza de tão lindos mistérios e estabeleceu o caminho
positivo para encontrar Deus, como descobrira o mundo microbiano, ao preço de
acuradas perquirições. É que a Divindade das religiões vigentes era defeituosa
e deformada pelos seus atributos exclusivamente humanos; as Igrejas estavam
acorrentadas ao dogmatismo e escravizadas aos interesses do mundo.
A ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque,
encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se
repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que
as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo
espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as
que regem os movimentos dos astros e a existência dos seres. Uma vez
comprovadas pela experiencia essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à
razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas,
nisso como em tudo há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo
movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o
acompanharem. É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os
espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à
sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis
são de prever as consequências: acarretará para as relações sociais inevitáveis
modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos
desígnios de Deus e derivam da lei de progresso, que é lei de Deus.
A oposição das corporações científicas, é para muita gente senão uma
prova, pelo menos uma forte presunção contrária. Os Espíritos não são dos que
levantam a voz contra os “sábios”, pois não querem dar motivos a serem chamados
de estouvados; teriam, pelo contrário, em grande estima e ficariam muito
honrados se fossem contados entre eles. Entretanto, sua opinião não poderia
representar, em todas as circunstâncias, um julgamento irrevogável.
Quando a Ciência sai da observação
material dos factos e trata de aprecia-los e explica-los, abre-se para os
investigadores o campo das conjecturas: cada um constrói o seu sistemazinho,
que deseja prevalecer e sustenta encarnecidamente. Não se vê diariamente as
opiniões mais contraditórias serem preconizadas e rejeitadas, repelidas com
erros absurdos e depois proclamadas como verdades incontestáveis? Os factos,
eis o verdadeiro critério de julgamento dos Espíritos, o argumento sem réplica.
Na ausência dos factos, a dúvida é opinião do homem prudente.
“Aos olhos do ignorante, tudo que
a ciência e suas filosofias, meramente hipotéticas produzem, é milagre”.
As ciências comuns se apoiam nas propriedades da matéria, que pode ser
experimentada e manipulada à vontade; os fenómenos espíritas se apoiam na ação
de inteligência que têm vontade própria e nos provam a todo instante não
estarem submetidas ao nosso capricho.
Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da
Igreja Romana, quanto a chamada “ Santíssima Trindade”. Deve-se esclarecer,
ainda, que do ponto de vista católico provém de sutilezas teológicas sem base
séria nos ensinamentos de Jesus.
Por
largos anos, antes da Boa Nova, o Bramanismo guardava a concepção de Deus,
dividido em três princípios essenciais, que seus sacerdotes denominavam Brahma,
Vishnu, Shiva. (O padre Alta, em O
Cristianismo do Cristo e o de seus vigários, nos diz que a fórmula do catecismo
– três pessoas em Deus – era verdadeira em latim, onde o vocábulo persona
significa forma, aspecto, aparência. É falsa, porém em francês ou em português,
com acepção de indivíduo.) Contudo, a Teologia, que se organizava sobre os
antigos princípios do politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de
enunciados religiosos, de modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo
porque sabe-se que a igreja foi, a princípio, depositária das tradições
cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões
do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e
roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor.
Para esse desiderato, as forças que
vinham disputar o domínio de Estado, em face da invasão dos povos considerados
bárbaros, se apresentaram no poder, em transformar os ensinos de Jesus em
instrumento de política administrativa, adulterando os princípios evangélicos
nos seus textos primitivos e assimilando velhas doutrinas como as da Índia
legendária, e organizando novidades teológicas, com as quais o Catolicismo se
reduziu a uma força respeitável, mas puramente humana, distante do Reino de
Jesus, que, na afirmação do Mestre, simples e profunda, não tem ainda
fundamentos divinos na face da terra.
Amargos são os contrastes.
Enquanto há fome e desolação no mundo,
sua “Santidade” distribui bênçãos e títulos nobiliárquicos, compensados com os
mais pingues tributos de ouro. As canonizações custam verdadeiras fortunas aos
países católicos. Para que muitos conseguissem um altar, como fez a França por
exemplo; para sua heroína de Domrémy, muitos milhares de francos foram
arrancados a economia popular na época. A América do Sul ainda não conseguiu alguns
santos do Vaticano, em virtude de sua carência de recursos financeiros à
consecução de tal projeto. Enquanto o Vaticano se entende com o Quirinal sobre
as mais pesadas somas de ouro, destinadas às atividades guerreiras, os padres se
reúnem e falam em paz; enquanto o papa se debruça nos seus ricos apartamentos,
passeando pelas suas galerias de arte de todos os séculos e pelas suas vastas
bibliotecas, exibindo a imagem do Crucificado nas suas sandálias, ou
entregando-se ao repouso no castel Gandolfo, há criaturas morrendo à mingua de
trabalho, entregues a toda sorte de miséria e de vicissitudes.
Que longa tem sido a trajetória das
almas!...
A origem do princípio anímico perde-se dentro de uma noite de
labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do Universo, se encadeia numa
ordem equânime e absoluta.
Da irritabilidade à sensação,
da sensação à percepção, da percepção ao raciocínio, quantas distâncias
preenchidas de lutas, dores e sofrimentos!... Todavia, desses combates necessários
promana o cabedal de experiências do Espírito em sua evolução gloriosa. A
racionalidade do homem é a suprema expressão do progresso anímico que a Terra
lhe pode prodigalizar; ela simboliza uma auréola de poder e de liberdade que
aumenta naturalmente os seus deveres e responsabilidades. A conquista do
livre-arbítrio compreende as mais nobres das obrigações.
Chegando a esse ponto, o homem se
encontra no limiar da existência em outras esferas, onde a matéria rarefeita oferece
novas modalidades de vida, em outras mais sublimes manifestações, as quais
escapam naturalmente à insuficiência dos vossos sentidos. É para essas
grandiosas afirmações que trabalhamos em comum, e esse desiderato constituirá a
luminosa coroa da Ciência do porvir. (Emmanuel)
Meus melhores cumprimentos e um fraternal
abraço,
Ilídio lima