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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O OUTRO MUNDO E A HIPERGEOMETRIA (Doutrinando a Ciência)

                                             "En este mundo traidor,
                                           nada es verdad ni mentira"...

Quão caro temos pagos semelhantes erros e vaidades de fé sem ciência e de ciência sem psicologia!
(Ilídio Lima, por "Douta Ignorância.")



    O mundo inteiro, em nome de uma Kultur absurda - a cultura teratológica de uma só de nossas múltiplas faculdades -, acaba de dessangrar-se em uma guerra maior e pior que todas as anteriores, deixando desde logo o sedimento asqueroso de um milhar de problemas sociais, que podem resumir-se em um só.
E este já não é o do filosofar à maneira antiga, como homens, é, muito pior ainda, uma vez que as aves evangélicas e os lírios do campo jamais tiveram necessidade de preocupar-se com a comida e com o vestido!... Castigo Karmico, e bem lógico esse nosso castigo, porque é lei do destino: jamais o homem racional pode estar ao nível dos irracionais, mas há de subir mais alto, com o nobre uso de sua faculdades, ou há de cair mais baixo, quando abusa delas ou as abastarda!

Em tempo, faz-me recordar uma passagem de um "Estudo" ,(Previsão) de uma prolífica escritora, filosofa e teóloga da Rússia, Elena Petrovna Blavatskaya (Елена Петровна Блаватская)
 
   Que estamos já, em muitos pontos, tocando o mundo animal, é evidente para todos aqueles que olharem o presente panorama de após-guerras. Todos os ideais vão-se apodrecendo.
Em nada se crê, em religião como em política. Nada, mais se espera, nada mais se ama; e um falso misticismo de mistifório que tudo espera dos céus, do "sobrenatural," do mais deslocado e degradante fenomenismo, vai-se estendendo por todos os cantos.



Nunca tiveram menos solidez, que hoje, os vínculos da família, da amizade, da comum ideologia. Jamais o mundo foi tão materialista, como hoje, e, no entanto, tão hipócrita, frívolo e covardemente psiquista. As bruxas, deitadoras de cartas, hipnotizadores, sugestionadores, ilusionistas, charlatães de todos os tipos,pululam aqui e acolá, às escâncaras e às escondidas, nas choupanas como nos palácios. Acredita-se no absurdo somente; no incrível; e uma rajada de loucura coletiva, filha dos apocalípticos horrores da guerra e das consequentes misérias, varre o planeta em todos os quadrantes.


Aqui se ensaiam revoluções; ali, corridas armamentistas; mais além, ditaduras, não havendo quase dois países que coincidam na mais pequena orientação supernacional, com vistas, não ao viver egoísta nacional, senão ao viver humano propriamente dito.

H. P. Blavatskaya já previa tudo isso, ao falar em sua Doutrina Secreta das consequências que fatalmente a ciência materialista do século passado havia de carrear para o mundo ocidental. A mais terrível da guerras - disse ela - será mister para que a humanidade na Terra abra os olhos e compreenda que, por intermédio do positivismo cético e sensualista, caminha direto ao reino animal, porque a ausência de ideias transcendentes, o endeusamento da matéria e da força bruta tendem a fazer do homem o inimigo, o lobo do homem, ao invés de seu irmão e cooperador.

A morte sucessiva de todos os ideias filosóficos relacionados com a inata divindade do homem, com sua natureza superior e angélica - que se rege apenas pela lei moral; e , depois, à lei escrita, a qual, boa ou má, trata sempre de ser um reflexo da primeira.



   Semelhante desprezo à lei entroniza o império da força em toda classe de relações sociais; e assim temos vistos com a denominação de "papeis rotos" os mais augustos tratados entre as nações, subordinando-se tudo isso ao resultado cego do choque brutal das armas, para depois voltar-se forçosamente a outros tratados não mais dignos de respeito, no foro íntimo nacional, que os anteriores.

   Outra luta de classes mais indecorosa sucedeu à luta integral de povo contra povo. E, assim, a chamada "classe média" - que segundo H. P. B. a depositária das maiores virtudes, por não ter gravames da classe popular obreira, nem as sugestões viciosas das classes chamadas "altas" que nadam na opulência - está prestes a desaparecer, vilipendiada, comprimida e coberta de escárnios. Finalmente, à fé sem a ciência dos tempos medievais seguiu-se uma ciência sem fé, uma ciência ímpia, não no sentido de que a piedade sói estadear hipocrisia, mas a ciência do "sede cruéis, assim falava Zaratustral!", do ímpio Nietzsche.

   Não mais carreguemos a pintura; formulemos concretamente o terrível dilema em que se apóia todo ensinamento teosófico, a saber: a religião ou é nada, ou é uma ciência; e a ciência por si só é estéril se não se alimenta e protege de alto sentimento transcendente, oriundo da consideração de que a algo por cima de nossos pobres conhecimentos e de nosso mísero mundo. (Ilídio Lima) 

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