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quarta-feira, 18 de abril de 2012

CIÊNCIA DO PORVIR


   Em comemoração aos 156 anos da revelação do Terceiro Código, o terceiro Segredo, o esplendor da Triade em sua mais bela concepção. Código este, que se abre definitivamente para nova Era. Com este se cumpria a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito de Verdade.
  Aos amantes das ciências fundamentais, abstratas, especializadas, combinadas e aplicadas, da Filosofia, em todas as suas vertentes dos séculos passados e seus admiráveis divulgadores, caríssimos Irmãos, dignos obreiros na senda da evolução e seus maravilhosos trabalhos na lei de progresso, esta imutável; preexiste, existe e continua, em Presente Indicativo Constante. 
  
Caem as mais altas cátedras, das mais renomadas escolas e seus pseudos mestres, cai o Clero! Chora compulsivamente a Igreja Católica. Agonizam, desesperadamente, seitas e heresias.
   O progresso não conhece obstáculos, os artigos de fé equivaleram a estagnações isoladas. Se conseguiram satisfazer à Humanidade em um período mais ou menos remoto da sua evolução, caducaram desde que o laboratório obscureceu a sacristia.
   A Ciência desvendou ao espírito humano as perspectivas inconcebíveis do Infinito, com apenas um telescópio descobriu a grandeza do Universo, e os novos conhecimentos cosmogônicos demandaram outra concepção do Criador. Desvendando, paulatinamente, as sublimes grandiosidades da natureza invisível, a Ciência embriagou-se com a beleza de tão lindos mistérios e estabeleceu o caminho positivo para encontrar Deus, como descobrira o mundo microbiano, ao preço de acuradas perquirições. É que a Divindade das religiões vigentes era defeituosa e deformada pelos seus atributos exclusivamente humanos; as Igrejas estavam acorrentadas ao dogmatismo e escravizadas aos interesses do mundo.
   A ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem os movimentos dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiencia essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas, nisso como em tudo há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem. É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as consequências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei de progresso, que é lei de Deus.  
  
   A oposição das corporações científicas, é para muita gente senão uma prova, pelo menos uma forte presunção contrária. Os Espíritos não são dos que levantam a voz contra os “sábios”, pois não querem dar motivos a serem chamados de estouvados; teriam, pelo contrário, em grande estima e ficariam muito honrados se fossem contados entre eles. Entretanto, sua opinião não poderia representar, em todas as circunstâncias, um julgamento irrevogável.

   Quando a Ciência sai da observação material dos factos e trata de aprecia-los e explica-los, abre-se para os investigadores o campo das conjecturas: cada um constrói o seu sistemazinho, que deseja prevalecer e sustenta encarnecidamente. Não se vê diariamente as opiniões mais contraditórias serem preconizadas e rejeitadas, repelidas com erros absurdos e depois proclamadas como verdades incontestáveis? Os factos, eis o verdadeiro critério de julgamento dos Espíritos, o argumento sem réplica. Na ausência dos factos, a dúvida é opinião do homem prudente.
  
Aos olhos do ignorante, tudo que a ciência e suas filosofias, meramente hipotéticas produzem, é milagre”.

  As ciências comuns se apoiam nas propriedades da matéria, que pode ser experimentada e manipulada à vontade; os fenómenos espíritas se apoiam na ação de inteligência que têm vontade própria e nos provam a todo instante não estarem submetidas ao nosso capricho.
   Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja Romana, quanto a chamada “ Santíssima Trindade”. Deve-se esclarecer, ainda, que do ponto de vista católico provém de sutilezas teológicas sem base séria nos ensinamentos de Jesus.
   Por largos anos, antes da Boa Nova, o Bramanismo guardava a concepção de Deus, dividido em três princípios essenciais, que seus sacerdotes denominavam Brahma, Vishnu, Shiva. (O padre Alta, em O Cristianismo do Cristo e o de seus vigários, nos diz que a fórmula do catecismo – três pessoas em Deus – era verdadeira em latim, onde o vocábulo persona significa forma, aspecto, aparência. É falsa, porém em francês ou em português, com acepção de indivíduo.) Contudo, a Teologia, que se organizava sobre os antigos princípios do politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabe-se que a igreja foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor.
Para esse desiderato, as forças que vinham disputar o domínio de Estado, em face da invasão dos povos considerados bárbaros, se apresentaram no poder, em transformar os ensinos de Jesus em instrumento de política administrativa, adulterando os princípios evangélicos nos seus textos primitivos e assimilando velhas doutrinas como as da Índia legendária, e organizando novidades teológicas, com as quais o Catolicismo se reduziu a uma força respeitável, mas puramente humana, distante do Reino de Jesus, que, na afirmação do Mestre, simples e profunda, não tem ainda fundamentos divinos na face da terra.

Amargos são os contrastes.
Enquanto há fome e desolação no mundo, sua “Santidade” distribui bênçãos e títulos nobiliárquicos, compensados com os mais pingues tributos de ouro. As canonizações custam verdadeiras fortunas aos países católicos. Para que muitos conseguissem um altar, como fez a França por exemplo; para sua heroína de Domrémy, muitos milhares de francos foram arrancados a economia popular na época. A América do Sul ainda não conseguiu alguns santos do Vaticano, em virtude de sua carência de recursos financeiros à consecução de tal projeto. Enquanto o Vaticano se entende com o Quirinal sobre as mais pesadas somas de ouro, destinadas às atividades guerreiras, os padres se reúnem e falam em paz; enquanto o papa se debruça nos seus ricos apartamentos, passeando pelas suas galerias de arte de todos os séculos e pelas suas vastas bibliotecas, exibindo a imagem do Crucificado nas suas sandálias, ou entregando-se ao repouso no castel Gandolfo, há criaturas morrendo à mingua de trabalho, entregues a toda sorte de miséria e de vicissitudes.

Que longa tem sido a trajetória das almas!...
   A origem do princípio anímico perde-se dentro de uma noite de labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do Universo, se encadeia numa ordem equânime e absoluta.
      Da irritabilidade à sensação, da sensação à percepção, da percepção ao raciocínio, quantas distâncias preenchidas de lutas, dores e sofrimentos!... Todavia, desses combates necessários promana o cabedal de experiências do Espírito em sua evolução gloriosa. A racionalidade do homem é a suprema expressão do progresso anímico que a Terra lhe pode prodigalizar; ela simboliza uma auréola de poder e de liberdade que aumenta naturalmente os seus deveres e responsabilidades. A conquista do livre-arbítrio compreende as mais nobres das obrigações.

   Chegando a esse ponto, o homem se encontra no limiar da existência em outras esferas, onde a matéria rarefeita oferece novas modalidades de vida, em outras mais sublimes manifestações, as quais escapam naturalmente à insuficiência dos vossos sentidos. É para essas grandiosas afirmações que trabalhamos em comum, e esse desiderato constituirá a luminosa coroa da Ciência do porvir. (Emmanuel)
Meus melhores cumprimentos e um fraternal abraço,
Ilídio lima

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