“Alguns artistas do pensamento se vendem à exibição e a falsa glória do Estado e, como D´Annunzio, abençoam os ventres maternos que tiveram a ventura de gerar um soldado para os massacres da pátria e exaltam o adolescente que encontrou numa ponta de baioneta o seu primeiro e último amor”.
A verdade, porém, é que os esforços de todos os
estudiosos do assunto não têm passado de um jogo deslumbrante de palavras.
Há muitos anos se fala que o mundo necessita de paz.
Entretanto, talvez que a corrida armamentista de agora excede a de 1914 e a de
1940 (1938/1940). Todos os países, exceto os paupérrimos; organizam as suas
armadas, as suas frotas aéreas e os exércitos “mecanizados”, com todos os
requisitos estratégicos, isto é, integrados no conhecimento de toda a
tecnologia moderna por hora adquirida e com a guerra química, na qualidade de
complemento indispensável das atividades bélicas de cada “nação”.
Há muitos anos se fala da necessidade de um entendimento
econômico entre todos os países; eu era um menino. Porém, cada vez mais
complica-se a questão com as doutrinas do “isolamento”, com as “barreiras”
alfandegárias, oriundas do nacionalismo de incompreensão, com a ausência formal
de qualquer colaboração e com princípios absurdos que vão paralisando milhões
de braços para trabalho construtor, gerando a miséria, a desarmonia e a morte.
A “cultura” hoje sai a campo para pregar as necessidades
dos tempos. Escritores, artistas, homens do pensamento, reformistas falam
exatamente da regeneração esperada; condenam a sociedade, de cujos erros
participam todos os dias, fazem a exposição das angústias de nossa época,
relacionam as suas necessidades, mas, se as criaturas bem-intencionadas lhes
perguntam sobre a maneira mais fácil de socorrer o homem aflito do agora,
“essas” vozes se calam ou se tornam incompreensíveis, no domínio das sugestões
duvidosas e das hipóteses inverosímeis.
“Há vozes no deserto”.
É que o espírito humano está esgotado com todos os
recursos das reformas exteriores. Para que a fórmula da felicidade não seja uma
banalidade vulgar, é preciso que a “criatura” na Terra ouça aquela voz –
“aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
Os reformadores e os políticos falarão i n u t i l m e n
t e da transformação necessária, porque todas as modificações para o bem tê que
começar no íntimo de cada um; é pessoal, individual.
É por essa razão que todos os apelos morrem, na
atualidade, na boca dos seus expositores, como as vozes no deserto; ninguém os
entende, porque quase todos se esqueceram da transformação de si mesmos, e é
ainda por isso que, em nossa morada (Terra), pesam os mais sombrios e sinistros
vaticínios.
Eduquemo-nos!
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