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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vozes no Deserto.


“Alguns artistas do pensamento se vendem à exibição e a falsa glória do Estado e, como D´Annunzio, abençoam os ventres maternos que tiveram a ventura de gerar um soldado para os massacres da pátria e exaltam o adolescente que encontrou numa ponta de baioneta o seu primeiro e último amor”.


A verdade, porém, é que os esforços de todos os estudiosos do assunto não têm passado de um jogo deslumbrante de palavras.
Há muitos anos se fala que o mundo necessita de paz. Entretanto, talvez que a corrida armamentista de agora excede a de 1914 e a de 1940 (1938/1940). Todos os países, exceto os paupérrimos; organizam as suas armadas, as suas frotas aéreas e os exércitos “mecanizados”, com todos os requisitos estratégicos, isto é, integrados no conhecimento de toda a tecnologia moderna por hora adquirida e com a guerra química, na qualidade de complemento indispensável das atividades bélicas de cada “nação”.
Há muitos anos se fala da necessidade de um entendimento econômico entre todos os países; eu era um menino. Porém, cada vez mais complica-se a questão com as doutrinas do “isolamento”, com as “barreiras” alfandegárias, oriundas do nacionalismo de incompreensão, com a ausência formal de qualquer colaboração e com princípios absurdos que vão paralisando milhões de braços para trabalho construtor, gerando a miséria, a desarmonia e a morte.
A “cultura” hoje sai a campo para pregar as necessidades dos tempos. Escritores, artistas, homens do pensamento, reformistas falam exatamente da regeneração esperada; condenam a sociedade, de cujos erros participam todos os dias, fazem a exposição das angústias de nossa época, relacionam as suas necessidades, mas, se as criaturas bem-intencionadas lhes perguntam sobre a maneira mais fácil de socorrer o homem aflito do agora, “essas” vozes se calam ou se tornam incompreensíveis, no domínio das sugestões duvidosas e das hipóteses inverosímeis.
“Há vozes no deserto”.
É que o espírito humano está esgotado com todos os recursos das reformas exteriores. Para que a fórmula da felicidade não seja uma banalidade vulgar, é preciso que a “criatura” na Terra ouça aquela voz – “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
Os reformadores e os políticos falarão i n u t i l m e n t e da transformação necessária, porque todas as modificações para o bem tê que começar no íntimo de cada um; é pessoal, individual.
É por essa razão que todos os apelos morrem, na atualidade, na boca dos seus expositores, como as vozes no deserto; ninguém os entende, porque quase todos se esqueceram da transformação de si mesmos, e é ainda por isso que, em nossa morada (Terra), pesam os mais sombrios e sinistros vaticínios.   
Eduquemo-nos!

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