Um estudo
publicado em 2012, liderado pelo pesquisador francês Gilles-Éric Séralini,
mostrou que 50% dos machos e 70% das fêmeas morreram de forma prematura,
contra, respectivamente, 30% e 20% dos do grupo que não comeram o milho do
Monsanto.
"Os ratos alimentados, a vida toda, com o milho transgênico da Monsanto desenvolveram câncer, problemas hepático-renais e morte prematura em índices bem superiores aos que receberam outro tipo de alimentação".
Se não bastasse a gravidade da denúncia, uma vez que o milho é um dos principais alimentos dos seres humanos, o caso explicitou a outra face da gigante empresa estadunidense do agronegócio: sua ingerência política nos âmbitos científicos.
A revista, a
Food and Chemical Toxicology, mesmo reconhecendo que o artigo de Séralini é
sério e não apresenta incorreções, se retratou da sua publicação, dizendo que o
estudo não é conclusivo.
A retratação
ocorreu depois de uma agressiva campanha contra o trabalho do pesquisador
francês e, pasmem, após a revista ter contratado como editor especial Richard
Goodman, ex-funcionário da Monsanto!
Não faltaram
espaços nos meios de comunicação para cientistas, dos centros de pesquisas
financiados pela Monsanto, pela Syngente e pela Bayer, repetirem críticas –
parciais e inexatas – apenas horas depois da publicação do artigo.
A agência de
notícias Adital, que publicou essas informações, não esqueceu de lembrar que o
mesmo tipo de perseguição sofreu o mexicano Ignacio Chapela, quando publicou na
revista Nature um artigo em que denunciava que o milho camponês da região de
Oaxaca/México havia sido contaminado pelo transgênico da Monsanto.
A repetição
dessa prática fez com que a Unión de Científicos Comprometidos con la Sociedad
emitisse um comunicado condenando a pressão que as empresas transnacionais
fazem para que as revista científicas se retratem dos estudos que confirmam
danos à saúde pelo consumo dos seus produtos.
O Prêmio
Nobel de Medicina/ 2013, Randy Schkman, já havia alertado sobre a promiscuidade
das revistas científicas com os grandes grupos empresariais, causando danos à
ciência.
Em julho, a
ONG europeia, protetora do meio ambiente, Amigos da Terra e a Federação para
meio Ambiente e Proteção à Natureza Deutschland (BUND) se prepararam para
apresentar um estudo sobre os efeitos do herbicida glifosato no corpo humano. Os
herbicidas que contêm glifosato são carros-chefe da Monsanto. O estudo seria
apresentado em 18 países. Misteriosamente, dois dias antes da publicação do
estudo, um vírus paralisou o computador do principal organizador do evento. Em
nenhum momento se responsabilizou a Monsanto pelo ocorrido.
No entanto,
não são desconhecidas as estreitas relações que essa empresa mantém com
serviços secretos estadunidenses, com as forças armadas, em empresas de
segurança privadas e, principalmente, junto ao governo dos EUA.
É possível
que as relações que a empresa mantém com esse poderoso aparato, com
inimaginável capacidade investigativa e repressiva, tenham vínculos com os
numerosos relatos de ataques cibernéticos regulares, com padrão profissional,
que sofrem os críticos da Monsanto.
Com todo
esse poderio políticoeconômico, a empresa estadunidenses foi mencionada,
inúmeras vezes, com uma ativa coautora do golpe de Estado paraguaio, em junho
de 2012, que afastou o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo.
O educador
Juan Diaz Bordenavce, falecido em novembro de 2012, escreveu que, entre os dez
fatores que serviram como detonadores do golpe, estava o “aumento da proibição
de sementes transgênicas, o que poderia afetar os enormes lucros da
multinacional norte-americana Monsanto”.
Com o passar
dos dias, evidenciou- se ainda mais a participação das transnacionais Monsanto
e Cargill, em conluio com a oligarquia latifundiária, as elites empresariais e
sua mídia, na execução do golpe.
Essa folha
corrida da Monsanto é mais um elemento favorável à Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4650, proposta no STF pela OAB, solicitando fim das
doações de campanha eleitoral por pessoas jurídicas.
Não causa
surpresa ver que ministros do STF, safos, como Gilmar Mendes, se posicionem
contrários à ação da OAB. Os campos de atuação e os interesses comuns ficam
cada vez mais evidenciados.
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