Para se ter
noção da dimensão desse mercado, nos últimos três anos, o Brasil se tornou o
maior consumidor de agrotóxicos, perto de um bilhão de litros utilizados, um
crescimento de 190% em dez anos. Soja, cana-de-açúcar, algodão, tabaco e eucalipto
são as variedades agrícolas que lideram no consumo de agrotóxicos. Nesse
conjunto, destacam-se os agrocombustíveis e as espécies exóticas empregadas no
reflorestamento (pinos e eucaliptos) ou para a queima nos fornos das
siderúrgicas de ferro-aço.
Dentre as
variedades agrícolas cultivadas no Brasil, a soja participou com 40% do volume
dos herbicidas, fungicidas, inseticidas, acaricidas entre outros, vindo em
seguida o milho, com 15%; cana-de-açúcar e algodão, com 10%; cítricos, com 7%;
café, trigo e arroz, com 3%; feijão, com 2%; pastagem e tomate, com 1%; maçã,
com 0,5%; banana, com 0,2%; e demais culturas, com 3,3%. Sobre os registros no
Ministério da Saúde e do Meio Ambiente, são 434 ingredientes ativos e 2.400
formulações. Dos 50 tipos de agrotóxicos mais utilizados nas lavouras do
Brasil, 22 deles estão proibidos na União Européia. Em relação ao percentual de
aplicação nas lavouras entre os estados da federação, o Mato Grosso do Sul
lidera o ranking com 18,9%, ficando à frente de São Paulo, com 14,5%; Paraná,
com 14,3%; Rio Grande do Sul, com 10,8%; Goiás, com 8,8%; Minas Gerais, com 9%;
Bahia, com 6,5%; Mato Grosso, com 4,7%; Santa Catarina, com 2,1%; e os demais
juntos somam 10,4%.
Em relação
às ABELHAS, esse inseto está no planeta há mais de sessenta milhões de anos, e
desenvolveu um sistema mutualista perfeito com os vegetais. São ou eram 40 mil
espécies conhecidas no mundo; somente no Brasil esse número chegava a três mil.
Das 250 mil variedades de plantas conhecidas e que produzem flores, 90% delas
depende dos insetos para a polinização, sendo as abelhas uma das principais
responsáveis pela dispersão do pólen. Porém, nos últimos anos, em decorrência
do crescimento do uso de veneno na agricultura, vem se registrando o
desaparecimento de milhares de colméias, especialmente nos países onde a
aplicação de inseticidas e outras substâncias tóxicas têm sido maior, como nos
Estados Unidos, alguns países europeus e o próprio Brasil.
Diante desse
fenômeno, a EFSA, agência europeia que regula a comercialização de agrotóxicos,
exigiu que fossem submetidos a exames três inseticidas da classe dos
neonicotinoides produzidos pela Bayer. A entidade reguladora alega que estaria
na aplicação desse inseticida uma das possíveis causas pelo desaparecimento das
abelhas. Como tentativa de resolver o problema, países como Itália, França,
Alemanha e Eslovênia proibiram o comércio dessa substância na agricultura. Além
de a contaminação se dar sob a forma indireta, ou seja, mediante pulverização,
outro processo que já está se tornado corriqueiro é a comercialização de
sementes com veneno, que, ao germinarem, introduzirão no DNA das plantas
partículas tóxicas que se acumularão no pólen das plantas.
O problema
da fiscalização acerca do comércio dos agrotóxicos no Brasil é imenso, situação
essa constatada quando da análise feita em alimentos, onde foi verificada a
presença de partículas do agrotóxico “Metamidofós”. O estranho é que tal
produto foi proibido na China junto com outros cinco produtos em 2007. A Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou que, depois da sua
proibição, houve aumento de importação do mesmo em 2008, e os gastos para sua
aquisição superaram os 15 milhões de dólares.
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